Simone Bernardes da Fontoura

Avaliação dos efeitos de Mancozebe e Imidacloprido para colêmbolos em solo tropical: contribuição para a avaliação de risco de agrotóxicos no Brasil

Resumo: O Brasil está entre as maiores potências agrícolas do mundo, sendo o 4° maior produtor de grãos e 2° maior exportador em 2021. Desde a década de 60, a expansão agrícola acontece através da implantação dos pacotes tecnológicos, incluindo insumos químicos, a mecanização, e mais recentemente o uso de sementes transgênicas. Neste cenário, o uso de agrotóxicos é crescente.  Porém, na regulação de agrotóxicos no Brasil, pouca atenção tem sido dada à proteção da estrutura e funcionamento do ecossistema solo, o qual é considerado apenas em uma abordagem de avaliação de periculosidade dos ingredientes ativos, e não uma avaliação de risco, devido especialmente à falta de dados em relação à exposição em solos e ambientes tropicais.  Além disso, os colêmbolos, importantes catalisadores da decomposição do material orgânico no solo, não são considerados nas avaliações no Brasil. O objetivo deste trabalho é avaliar os efeitos ecotoxicológicos dos ingredientes ativos imidacloprido e mancozebe para colêmbolos em um solo natural (Latossolo) e solo artificial tropical (SAT). A primeira fase do trabalho avaliará os efeitos sobre a reprodução das espécies de colêmbolos Folsomia candida e Prosotomia minuta seguindo a norma ABNT NBR/ISO 11267. A segunda parte englobará a exposição dos organismos a sementes tratadas com um produto à base de imidacloprido, buscando avaliar os efeitos sobre a reprodução e fuga destes organismos, esta última seguindo a norma ISO 17512-2. Os dados serão avaliados usando ANOVA, seguida do teste de Dunnet (p<0,05), comparando a reprodução nos solos-teste com o controle, para determinar a Concentração de Efeito (CEO) e Concentração de Efeito Não-Observado (CENO), além de regressão para determinar a Concentração de Efeito para 50% (CE50), para ambos os produtos, solos e espécies. Espera-se contribuir com dados de base para o aprimoramento da avaliação de agrotóxicos no Brasil, junto ao GT Organismos de Solo do IBAMA.