Gabriela dos Santos Alves

IMPACTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE A DISTRIBUIÇÃO DE TRÊS ESPÉCIES DO GÊNERO OCOTEA AUBL. AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO: SUBSÍDIOS PARA A DEFINIÇÃO DE ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO

Resumo: O gênero Ocotea Aubl. inclui cerca de 324 espécies de árvores e arbustos perenifólios pertencentes à família Lauraceae. Atualmente, muitas das espécies de Ocotea endêmicas do Brasil são ameaçadas de extinção, dentre as quais é possível destacar Ocotea catharinensis, O. odorífera e O. porosa. Além de apresentarem uma distribuição restrita e ocorrerem em um bioma altamente fragmentado, essas espécies possuem importância econômica devido à qualidade da sua madeira e ao potencial para extração de óleos essenciais, o que ocasionou uma exploração intensa ao longo do século passado. Embora as ameaças de perda de hábitat e de exploração madeireira sejam reconhecidas, nada se sabe sobre os riscos que as mudanças climáticas oferecem à essas espécies. Nesse contexto, este estudo tem como objetivo avaliar o impacto das mudanças climáticas sobre a distribuição de O. catharinensis, O. odorífera e O. porosa e, com base em informações sobre o uso do solo e das áreas climaticamente estáveis, propor áreas prioritárias para a conservação e manejo destas espécies. A distribuição das espécies será estimada com modelos de nicho ecológico, que associam registros de ocorrência das espécies com variáveis ambientais para estimar as condições toleradas pelas espécies. No estudo, o algoritmo de Máxima Entropia será utilizado para estimar a distribuição das espécies em condições climáticas atuais (1970-2000) e futuras (2040 e 2080) baseado em dois cenários de mudanças climáticas representando emissões de gases do efeito estufa intermediárias (SSP 245) e elevadas (SSP 285). Utilizando o mapa das áreas adequadas estimadas com dados climáticos do presente, avaliaremos a mudança no uso do solo desde 1985 até 2019. Também serão quantificadas as alterações na distribuição das espécies em função das mudanças climáticas, e avaliado o papel dos remanescentes florestais e das áreas legalmente protegidas existentes hoje na conservação dessas espécies. Por fim, todas essas informações serão utilizadas na proposição áreas prioritárias para a conservação e manejo das espécies avaliadas. Os resultados do estudo têm potencial para serem empregados na avaliação do risco que as mudanças climáticas representam para essas espécies de grande valor ecológico e econômico, e podem ser empregados para o desenvolvimento de estratégias de manejo e conservação.